Relato: A Curva Amaldiçoada do Trem


 
Eu morava em um bairro chamado Vila Peri, em Fortaleza-CE, e minha vó foi uma das primeiras a morar lá, logo que o bairro estava se formando.

Nessa época o trem era o maria fumaça ainda, e minha vó e o pessoal mais velho contavam que antigamente os quintais das casas não tinham muro, e davam para um terreno onde passava o trilho do trem.

Bem, eles contam que nessa época, o trem maria fumaça, saiu da estação em alta velocidade, estava fora de controle, e chegando na curva o trem descarrilhou, e morreram todos que estavam dentro. Ela contava que era tanta gente morta, que mandaram mais de 50 rabecões para levar o povo.

Até os rabecões chegarem, ela contou que os corpos ficaram todos amontoados no quintal das pessoas inclusive no dela. O pessoal do rabecão enchia umas caixas grandes e depois traziam e deixavam no chão dos quintais, porque não tinha espaço para deixar eles.

Depois dese dia minha avó contou que o trem maria fumaça parou de circular ali, e só voltou a circular trens depois que mudou o tipo.

Mas nas madrugadas de quinta feira que foi o dia que aconteceu o acidente, o alarme do trem no cruzamento pirava, e passava vários minutos apitando com a cancela baixa, isso acontecia toda quinta feira meia noite, e não era manutenção da cancela, pois na quinta feira não ficava ninguém na estação depois das 10 da noite, e a cancela é automática para ligar só quando o trem chegava. E uma vez um homem curioso contou que parou o carro no cruzamento na quinta feira meia noite, disse que viu a cancela baixar o alarme apitar, mas nada de trem, até que ele viu uma grande luz flutuando, em alta velocidade passando pelo trilo, e indo embora e sumindo na curva.

Mas não para por ai, depois começaram rumores que a curva era amaldiçoada, pois sempre que alguém queria se matar, escolhia exatamente aquele canto, e se jogava debaixo do trem.

Depois de um tempo, a refeze uma empresa da prefeitura construiu um muro pra separar os terrenos das pessoas do terreno publico, e a gente gostava de ficar em cima do muro olhando o trem.

Uma vez minha mãe subiu no muro para ver se o terreno estava muito sujo, para meu tio ir limpar, pois se não limpássemos, vinham aranhas caranguejeiras e cobras para dentro da nossa casa. Dai ela subiu no muro, e viu um homem se jogar debaixo do trem, exatamente na curva.

Um outro dia meu irmão e uns amigos estavam no trilo empinando pipa, e olharam para a curva viram um menino correndo na direção deles, mas o menino nunca chegava, na verdade nunca saia da curva do trilho. Ele e os amigos assustados correram para dentro da casa de um deles, e ficaram esperando o menino passar, mas o menino nunca passou.

E em um outro dia, um outro garoto, que era conhecido como saco, ele também se matou, e meu irmão e os amigos viram quando ele fez isso, eles disseram que ele vinha segurando um saco, e deitou o trilho bem em frente a nossa casa, mas logo ele desistiu e saiu correndo, quando chegou na curva ele simplesmente parou, ficou imóvel lá, até que o trem veio e ele pôs o saco na cabeça e se jogou debaixo dele.

Outro caso bizarro foi uma vez que eu e minha madrinha vinhamos da escola a noite, nessa época, eles iam construir o metrô, e já não circulavam mais trens, então decidimos cortar caminho, era umas 10 da noite, quando nós cortamos caminho por um buraco que tinha no muro, esse buraco era há mais ou menos 15 metros da curva amaldiçoada. Cruzamos o trilho, e fomos para o outro lado. Nessa hora algumas amigas da minha madrinha começaram a gritar e correram, nós sem entender nada corremos também, só depois do susto disseram que um homem apareceu do nada, levantou do trilho e tava correndo atrás delas.

Quando eu era pequeno as vezes minha mãe cortava caminho da escola pela curva também, só que era de dia, e a gente achava muitas coisas no chão, anel, colar, muitas coisas antigas de época, que tinham bastante valor, mas ninguém se atrevia a pegar, pois pertenciam as vitimas do acidente da maria fumaça.