Misterioso e quieto, assim era Lucas, um garoto com seus 16 anos, que vivia cabisbaixo, sério, andava sempre olhando pro chão, tinha olhos escuros, quase pretos e que passavam um certo ar de tristeza, cabelos negros e longos, pele branca, pálida, opaca, possuía apenas uma troca de roupa, uma calca jeans e uma camisa branca, rasgadas e imundas.
Lucas não tinha casa, morava sozinho, passava o dia nas ruas e dormia a noite num carro, que ficava em uma estrada velha nos arredores da cidade. Durante o dia ficava andando na rua, ninguém falava com ele, parecia ser invisível e sempre que ele tentava se aproximar de alguém as pessoas fugiam com medo, ele não entendia o por que, pois apesar de sua má aparência, ele era um bom menino.
Aos sábados à noite a pequena cidade em que vivia era muito visitada, pois era bem famosa na redondeza por seus bares e festas. Numa dessas noites um grupo de amigos que visitava a cidade, depois de muito beber e festejar, quando todos os bares já haviam fechado, todas as festas acabado, continuava ali a conversar alto, fazer brincadeiras típicas de adolescentes, iam caminhando pra voltar pra casa, moravam na cidade vizinha e para chegar ate lá passavam pela estrada velha, onde Lucas morava, pois por ali o caminho era mais curto.
Caminhavam e continuavam com a gritaria, exceto Ana, a única do grupo que não bebia e também a mais medrosa, os amigos, se escondiam atrás das árvores para assustá-la e iam contando histórias assustadoras, só para deixa-la com mais medo.
Andavam, e Ana começa a sentir que estavam sendo seguidos, não só ela, mas todos do grupo também tinham essa impressão, olhavam para trás e não viam ninguém, mas a cada passo que davam ouviam o som passos que os acompanhavam. O silêncio tomava conta deles e o som grave do vento soprando, assustava-os ainda mais. Ana sentia calafrios, seu corpo todo se arrepiava, olhava e não via ninguém, não via nada alem da escuridão e da mata. Começaram então a andar mais rápido, na intenção de fugir dessa perseguição.
Iam cada vez mais rápido até que ali, bem na frente, encontraram um carro, um carro todo destruído, completamente acabado. Diminuíram os passos, a sensação de perseguição parava, mas os arrepios e calafrios ainda eram sentidos, ouviram sons de passos, pararam e olharam para trás, e sem saberem de onde, um menino, com as roupas todas rasgadas, a pele branca, pálida, surge caminhando rumo ao carro, gritavam: Menino, quem e você? De onde você e? Como você apareceu aqui? O menino nada respondia, seguia caminhando cabisbaixo, até que chegou no carro, onde entrou e desapareceu.
Os amigos desesperados correram, corriam e gritavam, Ana chorava desesperadamente, o medo havia tomado conta de todos. Correram até chegar à cidade em que moravam, foram até o posto policial e contaram aos policiais o que havia acontecido, que acharam a história muito criativa, eram adolescentes, bêbados, querem nos fazer de bobos, pensavam, mas mesmo contrariados foram ate o local indicado, para ver se encontravam alguém.
Voltaram e disseram que não havia ninguém, a única coisa que encontraram foi um carro, destruído, na beira da estrada velha, contaram então que o carro pertencia a uma família, família essa que morreu em um grave acidente , onde o pai que estava alcoolizado, pois acabava de sair das festas da cidade, perdeu o controle do carro, bateu com uma árvore na estrada velha e capotou, matando a si mesmo, sua mulher e seu filho que na época tinha 16 anos. O garoto, no momento em que aconteceu o acidente estava dormindo no banco de trás do carro e não presenciou as cenas. Quando acordou, os corpos de seus pais e o seu já haviam sido enterrados e ele não sabia por que, mas agora vivia sozinho, ali naquele carro, sem conseguir falar com ninguém, sequer sabia que estava morto, mas sua alma estava presa aquele lugar e por mais que tentasse não conseguia fugir dali.
Ainda hoje, anos depois do acidente, mesmo com a remoção do carro do local, pessoas que passam pela estrada velha, dizem sentir a presença de alguém as acompanhando, outras dizem que já viram a imagem do menino de olhar tristonho, que parece pedir ajuda na busca de reencontrar seus pais.
FIM
Escrito por: Daniel
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